29 de nov. de 2009

Festa do colégio

Ano passado fui em uma festa no colégio da minha filha era uma "festa da família", lá os alunos fizeram várias apresentações de dons que cada um possuía e que ás vezes por não Serem Explorados bem, nem ninguém fica sabendo que existe. Tinham crianças que iam ao palco falar de como seria importante se eles tivessem uma família de verdade. A que eles Família referiam eram compostas de pai, mãe e irmãos. A Maioria daquelas crianças eram criados pelos avós ou moravam só com a mãe, ou só com o pai, porque vinham de casamentos desfeitos, eu fiquei imaginando o que era a minha familia. Quando ainda adolescente, meus pais se separaram e nós ficamos com a minha mãe. Ela ficou sendo nosso pai e nossa mãe por toda vida, porque meu pai sumiu por uns 8 anos e não dava nem sinal de vida, muito menos pensão. Mas, tínhamos em mente que apesar dele ser nosso pai, nos deixou na mão e tivemos que nos virar sem ele, porque não podíamos mais contar com ele, pra nada. Éramos felizes assim mesmo. Nunca esqueci meu pai, mas também nunca guardei rancor, somente não conseguia sentir falta dele, já que ele não dava margens pra isso. Via em novelas de TV, os pais se separarem, mas brigarem pelas filhos dos guardas, quando discutirem e quem ficaria com o pequeno e quando o outro que poderia visitar e essas coisas me comoviam. Como é que meus pais não pensaram nisso? Será que naquela época, isso era moda não? Bem, mas de tudo que ouvi e vi na festa, uma coisa me chamou atenção. Foi uma palestra dada por um casal que já tinham filhos casados e formados e alguns netos e que jamais Deixaram de ser uma grande Família. Que segundo explicaram eles, apenas não era composta de pai, mãe e filhos. Mas de muitos amigos, irmãos, companheiros. Essas coisas teriam que estar sempre interligadas, mais por que algum deles um dia se separasse e fosse para longe por qualquer motivo. Eels Deveriam e sempre seria assim, ficarem juntos, pensar e se preocupar uns com os outros Serem e verdadeiramente amigos, companheiros, irmãos. Achei muito interessante o tema em questão, pois existem numerosas famílias que moram juntas só. Não se apegam uns aos outros. Muitos vizinhança Possuem menos. É cada um na sua e ninguém sabe de ninguém dentro de uma casa cheia de pai, irmãos, mãe, avós. Impressionante como isso era verdade. Muita gente presente se Identificou com o mesmo tipo de problema. Pessoas que se dizem ser da mesma família, moram juntas e não se conhecem. Sabem tanto uns dos outros como um estranho qualquer, ou seja, nada. Não é só dentro de um lar que existe esse tipo de problema, mas também a chamada vizinhança está se acabando aos poucos. A violência está trancando todo mundo dentro de casa ea TV, jogos de computador e são companheiras inseparáveis de muita gente. E acaba que ninguem tem mais vizinhos pra bater um papo, fazer amizades reais, ao invés de virtuais, emprestar um copo de Açúcar, dar uma carona pro trabalho, dar um "bom dia", com um sorriso no rosto. Essenciais e indispensáveis ao ser humano, a sociedade está se extinguindo aos poucos. E no final de toda festa, deram um texto da autora Marina Colasanti, em casa para nós lermos e refletirmos sobre o mesmo. E agora, concordando e lamentando a verdade que não há texto, decidi publicá-lo aqui para que vocês leitores do meu blog, refletir POSSAM E também quem sabe resgatar algo de bom que Esteja fugindo de você. Boa leitura. ********************************************* Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti) Eu sei, mas não devia. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma um morar em apartamentos de Fundos ea não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma um não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a abrir as cortinas não. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma acender mais cedo uma luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, uma Amplidão esquece. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo, porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal ea ler sobre guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas Negociações de paz [...]. A ouvir e gente se acostuma a esperar o dia inteiro no telefone: "Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem Receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que queres eo que necesita. A lutar para ganhar dinheiro com o que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar muito mais do que valem as coisas. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente de acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Os olhos Ao choque que levam na luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma um não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer uma hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma uma coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua não resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando sem fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado. A aspereza gente se acostuma para não ralar na para preservar, a pele. Se acostuma para Evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da Baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma a poupar a vida. Que como poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma. (Em reunião técnica sobre recursos instrucionais na formação profissional. São Paulo, CENAFOR, 1985)

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