8 de jan. de 2010

Traços da vida


Traços da vida.

        Leliane Alencar









Ontem, folheando o livro da minha vida, surpreendi-me com tantos fatos que ocorreram e

que de certa forma hoje me parecem tão recentes.

Mas, já se foram há muitos anos.

Alguns me comoveram, outros me trouxeram saudades, outros me incomodaram

aoserem relembrados.

Vi que em pouco tempo uma enorme fatia da minha vida foi tomada por ele,

o Senhor tempo, sem que eu percebesse a rapidez de como tanta coisa em minha vida

havia se transformado em passado.

De certa forma vi em mim o amadurecimento que adquiri

e que até então não havia percebido.

Revivi momentos da minha infância, juventude e maturidade.

E vi como o tempo corre veloz que nem dá tempo de podermos parar prá pensar.

Mas, nós nem percebemos.

Foi então que olhei meu rosto no espelho e vi o que o tempo foi capaz de fazer com ele.

Todos os os meus sorrisos, todas as minhas lágrimas, ficaram marcados em minha face.

Tudo que vivi, sorri e sofri, estava desenhado no espelho.

Procurei aquela menina que fui ontem, com um vestido de crepe vermelho,

em uma festa em que fui tão feliz , pois

esbanjava ingenuidade aos meus 13 anos e dizendo que o ano de 2000 estava tão longe e

que talvez eu nem o alcançasse...

Aquela beleza, os olhos cheios de briho, coração de um anjo, foi sumindo

e desapareceu de repente da minha lembrança.

Senti saudades.

Aquela menina, passeou pela vida e aprendeu que sofrer faz parte da vida,

que ser forte é preciso e que perdas acontecem

e que o tempo não vai parar por isso.

Hoje, mulher madura, rosto amargo, coração machucado.

Tudo que eu queria era ser feliz,

mas também aprendi que felicidade vem aos lotes,

duram pouco tempo e é preciso

às vezes abraçar a felicidade com força,

porque mal ela vem, já se despede.

A liberdade ficou meia que travada entre uma responsabilidade e outra,

unida ao amadurecimento que não nos deixa ousar,

atrever e nem mais sonhar.

Meus dias se tornaram sem sentido devido ás lagrimas que foram derramadas

em meio a perdas, perdas e perdas.

As lágrimas ficaram escassas,

meu semblante modificou, está mais triste.

Etendo melhor as minhas dores, meus anseios e desejos

e como se não bastasse, ainda espero o tempo de paz.

De repente me deu uma vontade de ir embora.

Mas, para onde? E porque?

Repreendi o espelho

Odiei ter de aceitar que aquela que estava ali,

era a mesma menina do vestido de crepe vermelho,

que ficou esquecida em uma passado distante, só que agora ,

madura, marcada pelos traços que a vida nos dá.

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