21 de mar. de 2010

Caso Isabela

Reprodução

Isabella e a mãe: júri decide se pai e madrasta são inocentes ou culpados

O início do julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella, começou às 14h17. O sorteio dos jurados já foi realizado, após atraso de mais de uma hora. Previsto para iniciar às 13h, 40 minutos depois o advogado de defesa do casal Roberto Podval ainda se reunia com o juiz Maurício Fossen, debatendo informações sobre o processo e sobre a escolha das testemunhas a serem ouvidas, informou a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi morta na noite de 29 de março de 2008. A perícia concluiu que a menina foi atirada do sexto andar do prédio onde moravam seu pai, Alexandre, sua madrasta, Anna Carolina, e dois filhos pequenos do casal, na Vila Isolina Mazzei, zona norte de São Paulo. O crime comoveu o País e ganhou grande repercussão.

O julgamento que se inicia hoje deve durar de quatro a cinco dias. Alexandre e Anna Carolina estão desde maio de 2008 em presídios em Tremembé, no interior paulista. Os réus já perderam 11 decisões de habeas-corpus nas três instâncias da Justiça. Eles alegam inocência.

De acordo com as investigações, foi encontrado um rastro de sangue que começava na porta de entrada do apartamento do casal, passava pela sala, onde havia vestígios de uma poça grande, seguia pelo corredor de acesso aos dormitórios e terminava no quarto dos irmãos da vítima.

Segundo mostram os laudos, também havia sangue na maçaneta e no interior do carro da família. Outras marcas foram encontradas na tela de proteção e no parapeito da janela do quarto dos meninos. A tela estava cortada. Os laudos mostram ainda indícios de que Isabella foi espancada antes da queda.

Na versão do casal Nardoni, Alexandre chegou com os filhos, desligou o carro e subiu primeiro com Isabella no colo, que estava dormindo. Depois de deixar a filha na cama ele conta que voltou até a garagem para ajudar Anna Carolina com os dois meninos. Ao voltar para o apartamento, Alexandre afirma que encontrou a porta aberta, a tela de proteção cortada e a menina caída no gramado do Edifício London.


Argumentos

Para o promotor de Justiça, Francisco José Cembranelli, um dos responsáveis pela acusação no caso, o pai e a madrasta são culpados pelo crime. "É o que a prova mostra. A prova os compromete. Essa é a verdade nua e crua", disse ele, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo de ontem. De acordo com a denúncia do promotor, a menina foi estrangulada pela madrasta e arremessada pelo próprio pai. "Isabella foi muito agredida e acabou defenestrada depois de uma sucessão de atos cometidos pelos acusados", afirma Cembranelli.

Já para o advogado Roberto Podval, "não há absolutamente como condenar nenhum dos dois". Ontem ao mesmo jornal, ele disse que o crime virou um espetáculo da Idade Média. "Parece aquelas mortes apregoadas em praça pública. As pessoas gostam de ver sangue. Não há preocupação de se fazer justiça, mas de vingar a morte da menina." Ele conta que o caso "está pautado na perícia que, desde o primeiro momento, parte da culpa do casal para chegar ao resultado". Em sua opinião, não será possível um julgamento justo e honesto.

Como será o Julgamento:
Júri popular: entenda como será decidido o destino do casal Nardoni
O julgamento que irá decidir se Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são inocentes ou culpados pela morte da menina Isabella começa nesta segunda-feira (22/3). Acusados de matar a menina, de 5 anos, em março de 2008, o casal será submetido ao júri popular, previsto em crimes contra a vida. Entenda como funcionará a dinâmica entre as quatro paredes no Fórum de Santana, em São Paulo, onde será realizado o julgamento, sob o comando do juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri.

A partir das 13h desta segunda, estarão reunidos os réus; as 24 testemunhas convocadas por defesa e acusação; o promotor do caso, Francisco Cembranelli; o advogado de defesa, Roberto Podval; e os jurados, sorteados entre as 40 pessoas já chamadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (17 homens e 23 mulheres, maiores de 18 anos e sem antecedentes criminais).
Um novo sorteio reduzirá os convocados a 25 pessoas. Em seguida, será sorteado o conselho de sentença, formado por sete pessoas — os demais são dispensados. Defesa e acusação podem recusar três jurados cada.
Os responsáveis pela sentença do casal ficarão incomunicáveis durante o julgamento, que pode durar cinco dias.
Os designados para participar do júri são pessoas do povo. Segundo o ex-juiz Luiz Flávio Gomes, o magistrado pede nomes a associações de diferentes áreas, geralmente de classe, como bancários, comerciários, arquitetos, engenheiros, etc.
Uma vez escolhidos os sete jurados, eles não podem conversar entre si sobre o assunto e são obrigados a permanecer em local isolado nos próximos dias de julgamento, que pode durar cinco dias. Eles dormirão no próprio Fórum de Santana ou no da Barra Funda.
Por conta do grande número de testemunhas, o juiz que preside a sessão reservou o plenário para uma semana.
Serão apenas 77 lugares para assistir ao julgamento do ano, 20 deles reservados para a imprensa. Como há em torno de 50 veículos de comunicação cadastrados para cobrir o julgamento, haverá revezamento entre os profissionais.
As cadeiras do plenário serão divididas entre público, MP, defesa, imprensa e familiares da vítima e dos réus. Haverá uma ambulância, médico e enfermeiro prestando serviços.


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