25 de mai. de 2010

Meus 50 Anos

Vivi minha vida, escondendo minha verdadeira idade. Não sei se é porque as mulheres todas fazem isso ou se por bobeira minha mesmo. Meu "Eu" falou mais forte. Quebrei o mito. Mulher não deve mentir sobre a idade. Passou dos 30, fica madura. Amadurece, precisa mostrar que aconteceu. E um sintoma de amadurecimento é este: não esconder mais a idade. Bem, passar dos 30 já passei faz tempo. Amadurecer, pode-se dizer que estou chegando lá. Amadurecimento para mim são outras coisas. Aliás, são muitas coisas. De vez em quando penso como adolescente. Então, estou chegando lá. Bem, faltam poucos dias para meu aniversário. Será um aniversário especial. Farei 50 anos de idade. Caramba! Estou ficando madura. Gosto de falar que vou fazer 50 anos. Afinal é meio século de vida! Brasília fez 50 anos, e eu também. Um motivo óbvio prá se comemorar são as coisas que vi e que vivi. São muitos caminhos percorridos. Muitas histórias para se contar. Muitas lembranças para reviver. Perdi muitos colegas nessa caminhada. Foram crianças doentes ou foram adolescentes mal informados. Até meus cinco anos não existiam todas as vacinas que hoje tem por aí. O sarampo matava muitas crianças até 1965. A varíola ainda assombrava o Brasil. Por isso, as doenças matavam muito nessa época. As drogas e balas perdidas ainda eram raridades. Mas meus pais já me ensinavam a ficar longe das drogas. E eu sobrevivi a isto. As pílulas anticoncepcionais enfim chegaram ao Brasil. As mulheres poderiam optar em ter menos filhos. Vi os telefones chegando nas casas de quem podia ter um. Pagávamos a ligação na casa da vizinha quando precisava falar com meu pai no serviço. A vizinha cobrava um cruzeiro cada ligação. Os ônibus elétricos ainda circulavam por Madureira, pendurados por fios que soltavam faíscas, andando nos trilhos como se fossem trens. Vi os homens pisarem na lua e ao vivo!(mas não acredito que seja verdade até hoje). Vi a ponte Rio - Niterói sendo construída. Vibrei de alegria quando ficou pronta. Já pensou? Ir a Niterói de ônibus ao invés de barca? Passar por cima do mar? No começo tive medo de passar por lá. Depois achei que era segura. Aos 10 anos vi o Brasil ser tri-campeão. Acho que foi a maior festa que vi de todas as copas. Os absorventes começaram a serem comercializados. Era o fim das chamadas toalhinhas. Já com meus 12 anos vi a primeira novela a ser transmitida à cores no Brasil. "O Bem Amado". A TV a cores chegava. Quem não podia comprar uma, colocava papel celofane colorido azul sobre a tela pra dizer que era o céu, embaixo era verde para quando fosse passar o futebol, a grama ficar na cor certa. Maior mico. Mas todo mundo fazia igual. Em casa só tivemos uma depois de 1980, quando era possível pagar uma. Vi o muro de Berlim ser derrubado, assisti ao casamento do Príncipe Charles com a princesa Dayana ao vivo e já em cores. Vi muitos filmes do Nacional Kid (herói da época), que hoje só se compra pela internet e olhe lá. Celular? Estava para chegar e todo mundo ia querer ter um. A fila para se cadastrar e aguardar a chamada para habilitação era gigantesca. Esperei por meses na fila para ter o privilégio de ter um. E como era caro! Hoje você compra um ventilador e ganha um celular de presente, habilitado e desbloqueado. Não vou nem contar quantas vezes coloquei bombril na ponta da antena de TV prá ver se a imagem melhorava. Rádios de válvulas ainda eram bem comuns. Minha avó ainda tinha um prá ouvir à hora da Ave Maria todos os dias, às 18 horas com o Júlio Lousada. Bastava ela ligar o rádio meia hora antes do programa para as válvulas se aquecerem. Ah... Os compactos simples e Lp´s , que hoje foram transformados em cd´s, ainda tenho um montão. Os chamados discos de vinil tinham um som bem mais apurado. Hoje eles são utilizados pelos Dj´s para fazerem as festas. A pirataria não existia, porque não dava prá copiar eles. Sandálias havaianas eram para pobres irem à praia. Hoje virou luxo e custam mais caras. Os militares ainda estavam no poder. Só havia pequenos furtos, fáceis de se resolver. Ainda se podia dormir com janelas abertas no Rio. Com meus 13 anos lembro que as mulheres foram liberadas para usarem calças compridas. Minha avó disse que nunca iria usar. Isso era coisa para os homens. Alguns anos depois ela também aderiu. Eu gostei da novidade. Aí comecei a ir para a escola com minha calça azul marinho de tergal. Segurar a saia em dias de vento ou prá subir escadas era triste. Leila Diniz mostrou o Barrigão de grávida na praia de Ipanema! Que escândalo! Saiu em todos os jornais! Aos poucos umas mais corajosas começaram também a irem à praia, mesmo estando grávidas. Inventaram um babado que escondia a barriga. Tipo uma cortina. Parecia uma bata que só tinha a frente. Era prá proteger o bebê do calor e do sol. Pode? Mas foi uma revolução. Um avanço para a época. Logo, logo Baby Consuelo também já cantava exibindo seu barrigão nos palcos. Outros comentários. Mais fotos nos jornais. Agora tudo é normal e permitido. Agora temos Mp3, Mp4, Mp10 e 11, fones sem fios, celulares de graça, com chips, com memórias, desbloqueados, TVs LCD, de plasma, digital, celular que grava, que filma, Playstation 1, 2, 3. Cinema em 3D. Caramba! Acho que não falta mais nada. Infelizmente as drogas também revolucionaram e o crack tá aí, viciando em apenas 3 segundos e matando um monte a cada hora. Mas, eu cheguei à conclusão que se vi tudo isso, vivi o suficiente prá poder comemorar. Afinal foram 50 anos de evolução. Vi coisas e pessoas se transformando, evoluindo. Então tenho todo o direito de festejar. Acho que mereço e vou fazê-lo. Felicidades para mim, pelos meus 50 anos

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