4 de fev. de 2011

Lembranças




     Falando em coisas que me lembro, lembrei-me de repente de um episódio que me aconteceu há muitos anos atrás e quase já havia apagado da mente.
     Eu morava com meus pais e irmãos em Madureira e se não me falha a memória eu estava com oito anos, mais ou menos.
     Eu morava na Rua Maroim em Madureira que agora parece que mudou de nome. Ela era asfaltada e ficava próxima a escola normal Carmela Dutra que eu acho que ainda existe. A rua era asfaltada até um determinado ponto onde começava o morro. Era uma subida e tanto e já javiam muitos barracos naquela época. A rua subia e subia e lá de baixo os barracos ficavam pequeninos de tão alto e tão populoso.
     Eu estava olhando a rua pelo buraco do portão, porque minha mãe não deixava a gente brincar na rua naquela época. Já havia bandidos naquela época também e passava carros de vez em quando.
     Notei que havia uma multidão cercando alguém caído na rua e um falatório desesperado e tinha até gente chorando naquele meio de gente e fui chamar minha mãe para ela saber o que estava acontecendo.
     Vi quando minha mãe abriu o portão e se dirigiu ao povo e ficou assuntando por lá e depois de algum tempo ela veio embora e disse pra mim ir brincar porque aquilo não era coisa pra criança ficar olhando.
     À noite eu ouvi minha mãe em conversa com meu pai dizer que havia uma mulher morta na rua e que a ambulância havia deixado ela por ali ainda viva porque os homens da ambulância não poderiam subir o morro e ela acabou passando mal e morrendo no asfalto. Ela havia sido operada e saíra do hospital sem estar muito boa e por isso não agüentava andar, mas ela teve que fazer isso porque não tinha outro jeito e não resistiu.
     Lembrei-me de que o pessoal lá na rua estava meio revoltado gritando uns plavrões bem alto e eu não soube entender se eles não subiram porque a ambulância não ia dar conta de subir ou porque estavam com medo dos bandidos.
     Que final teve toda essa história e falatório eu não fiquei sabendo, mas sei que a mulher morreu e que hoje eu posso assegurar que o problema da saúde é pra lá de velho nesse meu país. É uma pena, mas até hoje morre gente assim.
     Tenham uma boa semana!
 







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