14 de fev. de 2014

Há males que vem para o bem

Primeiro quero explicar o porque escrevi o que está logo abaixo desta publicação que minha amiga Regina compartilhou hoje no facebook e não concordando com algumas ou quase todas essas palavras resolvi explicar minha história de vida resumidamente.




      De vez em quando eu fico aqui pensando com meus botões e me vem imagens que eu gostaria de apagar, mas isso se chamam fortes lembranças e elas não se apagam, quando se tem uma memória boa. Claro que tem coisas boas e coisas ruins e tem um ditado que serve direitinho para essa estória que eu vou contar que lembrei agora: "Há males que vem para o bem".
       Quando eu era pequena (ainda sou) rs, tínhamos muitas dificuldades financeiras porque meu pai era autônomo e nem sempre conseguia trabalho pra fazer.
      De vez em quando ele se arriscava a trabalhar em empresas com carteira assinada, mas era por pouco tempo.
      Ele sempre achava um defeito na empresa e saía fora e voltava tudo como era antes no Castelo de Abrantes.
      Surgia as dívidas, o aluguel atrasava e sem ter como pagar, tínhamos que nos mudar várias vezes e nos sujeitar com ajuda financeira dos parentes.
      Isso era comum e rotineiro, até que minha avó Idalina vendo que íamos já, já sair de outra casa que não poderia ser paga, nos convidou a morarmos em sua casa dos fundos, já que a da frente  que ela estava construindo, estava quase pronta e lá fomos nós, para Honório Gurgel.
     Assombrosamente meu pai conseguiu um emprego em uma empresa que não interessa o nome e começou a fincar os pés por lá.
     Só que ele danou a viajar muito só que a gente não via a cor do dinheiro dele, porque ele já não precisava pagar aluguel, nem água e nem luz. Pelo menos ele achava que não precisava, mas meu avô pedia uma colaboração de uma parte da luz já que estava vindo mais caro e ele achava que não custava nada ajudar.
      Meu pai fingia que nem escutava.
      Bem, foi nesta época que meu pai perguntou a mim e às minha irmãs se gostariíamos de fazer um curso de datilografia, inglês, costura, qualquer coisa pois isso nos ajudaria no futuro.
     Eu quiz logo fazer datilografia porque achava chic aquelas mulheres nos escritórios datilografando.     
      Eu com 12 anos fiquei craque na máquina de escrever e concluí meu curso em Rocha Miranda e depois ganhei uma remington lettera portátil para ficar praticando.
      A Leila se não me falha a memória quiz fazer corte e costura e Leni também fez a datilografia e inglês.
      Enfim, foi um gasto bem empregado, já que ele não tinha costume de comprar roupas pra gente.
      Eu lembro que minhas roupas pelo menos as minhas e da Leila eram da Elizabeth, filha da madrinha do meu tio que morava na Tijuca.A Leni quase não aproveitava nada porque era mais fortinha e  eu e Leila éramos magricelas.
      Minha avó passava roupas para a mãe da Elizabeth que era filha única e tinha sempre roupas bonitas sobrando e nós usávamos as que ela não queria mais.
       Os brinquedos também eram todos da Elizabeth que eu nem cheguei a conhecer. Sei que eram delas porque minha avó falava quando trazia os pacotes e entregava pra minha mãe que distribuía pra gente e a gente ficava rindo á toa.
     Teve uma vez que meu pai chegou em casa cheio de sacolas de roupas novas e a gente ficou encantada, mas o encanto acabou na hora em que ele falou que eram todas para ele usar, pois ele estava em um setor que precisa se apresentar bem e as roupas dele tinham que ser mais novas e bonitas.
      Essa estória dele vir com montes de sacolas se repetiram muitas vezes e minha mãe ficava chateada. Eu não sabia o porque.
       De repente ele começou a ter de viajar.
       E viajava muito. E ficava muitos dias viajando.
      Sumia. Voltava e ia novamente e sempre pro mesmo lugar e sempre pela Itapemirim.
      Minha mãe ficava de bico e eu só fui entender, quando do nada, saiu uma reportagem no jornal O Dia, jornal de grande circulação no Rj e minha mãe lia todos os dias, falando  sobre um acidente que ocorrera com um dos ônibus da Itapemirim que fazia o mesmo trajeto dele.
      Seria o dia dele voltar lá do lugar que ele disse que ia a viajem. Minha mãe mais que rápido ligou pra empresa e acho que foi a primeira vez que ela fez isso e acho que a última também.
     Ninguém da empresa sabia de viajem nenhuma  e disseram que ele estava na empresa e bem,  e que isso com certeza não tinha nada a ver com ele. Pronto. Ferrou tudo.
      Depois dele chegar em casa, após a suposta viajem , ficou marrento em saber que ela ligou pra saber dele.
       Desta vez ele teve de explicar porque que focinho de porco não era uma tomada até convencer minha mãe, demorou foram anos.
      Aliás ela sabia o que estava acontecendo. Nós ainda não. Nesse meio tempo ele viu que a Leila tava se saindo bem nas costuras e resolveu comprar tecidos para ela fazer o nossos próprios uniformes de colégio e não parou mais. Encheu a casa de tecidos.
      No casamento do meu tio Waldemir fui com uma calça Benito de Paula cor de abóbora e uma blusa qaudriculada azul e branca feita por ela. Que orgulho! Primeira roupa nova depois de anos.
       E ela não parou mais.
       Teve o casamento da Fátima e ela fez um saia comprida para mim fazer chic na festa e lá fui eu de roupa feita por Leila. Era um tecido fino e lilás eu eu lembro como se fosse hoje.
       Meus pais já estavam separados, só que ainda moravam juntos e a gente nem sabia.
       Uma vez resolvemos eu e Leni irmos de ônibus pra escola por causa da preguiça de ter de andar a pé porque a escola era longe e quando estramos no ônibus demos de cara com meu pai e uma moça loura abraçados e rindo muito. Sentamos atrás deles e quando ele nos viu, ficou amarelo, azul, roxo, mas apresentou a moça como colega de trabalho dele.
      Só não entendi de onde ele tava vindo ou indo aquela hora. Sem muita noção do perigo falei com minha mãe o que aconteceu e ele ficou bicuda. Deu a maior discussão de noite quando ele chegou.
       Tá, mas isso são fatos menos importantes ,pois anos depois nos mudamos e 3 anos depois mais precisamente em março de 1979 eles se separaram de vez.
      Anos depois fiquei sabendo que eu tinha uma irmã que nasceu em março de 79 e que meu pai tava morando com a tal moça que eu vi no ônibus. Tá explicado a história.
     Com tantas roupas que a Leila aprendeu a fazer, hoje ela tem uma confecção junto com o marido e trabalha fazendo e vendendo roupas e muito bonitas de ginástica. Passa o dia todo na máquina, mas faz o que ela gosta, pelo menos eu acho que gosta ainda.
       Leni também depois largou a datilografia de lado e todo seu inglês que ela possuía e foi costurar também e conseguiu com muito esforço fazer bikinis, maiôs e etc.Hoje, ela dá aulas até. Tem uma linda loja e tudo com a idéia do meu pai lá longe quando tínhamos 11, 12 e 13 anos de que isso deveria servir pro nosso futuro e serviu.
       Eu não consegui realizar o milagre das costuras, pois não levo muito jeito pra isso. Mas tenho uma máquina de costura de pouco mais de 2 anos e já consegui fazer umas bolsas, umas lixeirinhas de carro, coisinhas assim , simples pra casa e nada mais. Meu forte hoje é reciclar. Faço artesanatos pra passar o tempo e de vez em quando consigo vender alguma coisa. Por mais de vinte anos trabalhei como datilógrafa, depois tive de fazer um curso de digitação pra pegar a intimidade com um computador porque naquela época diziam que a tal da máquina chamada de computador  dominaria o mundo e que a datilografia e estenografia iriam acabar e eu não acreditava, mas resolvi investir em mim e fiz um curso pra aprender a digitar e ai de mim se não tivesse feito isso.
      Moral da estória. Meu pai era um danadinho e sabia que tinha de deixar-nos preparadas para o futuro porque ele já tava com um pé dentro e outro fora de casa e com isso quem saiu lucrando fomos nós, irmãs espertas.
      Eu sei que você não tem nada a ver com isso e não tenho raiva do meu pai por isso não, pois quando ele se separou da minha mãe, ela ficou mais bonita e voltou a trabalhar coisa que ele não admitia quando estava em casa, arrumou um namorado, curtiu muito a vida.
       É isso. Tem pais e pais. Minha mãe foi os dois para nós depois disso e antes disso também.
       Pai e mãe. Pena que ela já se foi e hoje é só saudade.
     Aprendi que não adianta chorar e sim correr atrás e continuar a lutar, porque a vida não pára pra que você ajeite sua vida.
     




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